Hoje o Blog Facom News vai fazer uma dobradinha: a já tradicional "Conversa de Quinta" e a seção estreante "O que eles pensam sobre" (confira no próximo post) vão tratar de um tema que vem esquentando a cabeça de muita gente pelo país: o ENEM.
A proposta do ENEM é revolucionária. Ou, pelo menos, seria. Uma única prova que unisse alunos de todas as partes do Brasil e que possibilitasse aos vestibulandos concorrer a vagas de universidades distantes de sua residência sem uma custosa viagem. Desde o início, contudo, foram vários os problemas. Universidades que se recusavam a aderi-lo, uma realização imposta sem um período maior de transição ou adaptação, até problemas de segurança que culminaram no mítico roubo das provas na gráfica Plural, em 2009. Mudanças no discurso dos organizadores (inicialmente, o aluno poderia inscrever-se em cinco universidades, depois o número passou para três, e, finalmente, o número passou para uma mísera inscrição), erros no gabarito oficial, buscavam justificativa na falta de experiência do exame. Era o primeiro, afinal.
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Em 2010, contudo, os problemas continuaram. Antes mesmo do exame anual (mais uma mudança de discurso, já que supostamente o ENEM passaria a ser realizado duas vezes no ano) acontecer, um falha no site do Inep divulgou dados de segurança dos participantes das três últimas provas (até então, 2007, 2008 e 2009). Ainda criou-se muita polêmica quando declarado que os alunos não poderiam usar lápis ou borracha, acessórios tão básicos no colégio para os alunos quanto o giz ou o pincel atômico do professor. Para fechar com chave de ouro, gabaritos invertidos (criando real confusão para os alunos) e erros em provas amarelas. O ENEM continua dando mostras de que o que começa mal (nesse caso, muito mal), raramente terminará bem.
O Blog Facom News foi conversar com Rafael Barreto e Thaís Santana, do 2º semestre de jornalismo. Ambos fizeram o ENEM de 2008, na versão antiga, e o de 2009. Acompanharam, portanto, toda as dúvidas sobre a mudança do formato da prova, o adiamento por motivo de fraude e toda a confusão e expectativa que passa pela cabeça de um bom vestibulando.
Blog Facom News: O ENEM provou que o que começa mal termina mal?
Thaís Santana: Pelo que aconteceu ano passado deu pra perceber que eles [o INEP] começaram com uma organização terrível, as pessoas não entendiam a nova forma do ENEM, os alunos não sabiam como seria a substituição do vestibular, algumas faculdades adotaram, outras não. Por último, a questão das gráficas veio provar que o que começa mal termina mal.
Rafael Barreto: Eu não acho que tudo que comece mal termine mal. Se as coisas fossem bem organizadas, poderiam até começar mal, mas terminar bem. Não foi o caso do ENEM.
BFN: Para vocês, qual foi o PIOR erro do ENEM? Qual foi o maior disparate do exame?
TS: Eles não têm cuidado. É o segundo ano que ocorrem erros super graves. Não houve preocupação em analisar que ocorreram erros ano passado e que erros poderiam ser repetidos.
RB: Faltou esclarecimento, aproximação com o estudante. Mas o pior erro foi o da gráfica.
BFN: Especulava-se que o Fernando Haddad (ministro da Educação), tenha defendido tanto a realização do ENEM de maneira tão arbitrária porque planejava candidatar-se ao governo de São Paulo. Assim, ficaria conhecido como “o homem que acabou com o vestibular”. O vestibular seria o monstro dos alunos. Um ano depois, Haddad não se candidatou a governador e ainda herdou milhares de pepinos para resolver gerados por seu próprio monstro gigante. Fica um questionamento: até que ponto o vestibular é eficaz? E o ENEM? Porque tanto medo por parte dos estudantes?
Thaís e Rafael |
TS: Acredito que a questão do medo tenha vindo da própria desorganização. Houve uma mudança de formato um ano para o outro de forma drástica e sem grandes esclarecimentos e ocorreram todos esses problemas.
RB: Qualquer avaliação de um ou dois dias não é eficaz, mas não vejo outra saída.
TS: Não que não possa haver, mas até agora não conhecemos. É realmente complicado avaliar em dois dias um aluno que teve uma vida escolar muito grande.
BFN: A prova do vestibular da UFBA é tida com uma das mais contextualizadas entre os vestibulares das grandes universidades. Inclusive, paulistas e sulistas já chegaram a comentar que a prova da Ufba é um martírio, a morte – ou seja, é uma prova de alto nível. Se o ENEM precisa tanto de contextualizações (supostamente, menos “decoreba”), e, ainda assim, precisa ter um nível satisfatório (para que grandes universidades, como USP e a Unicamp possam, um dia, cogitar usá-lo), não seria simplesmente mais fácil transformar a prova da UFBA no ENEM?
TS: É uma prova de alto nível, mas é um martírio. É uma prova grande. São cinco alternativas (ou seis, ou sete!) para decidir se são verdadeiras ou falsas, mas se você errar uma já perde 50% da nota da questão. Não acho uma boa forma de avaliar um aluno. Mas há vários vestibulares pelo país, não conheço todos, mas acho que podem ser analisados para o ENEM adotar algumas estratégias que eles utilizam.
RB: Concordo com tudo que Thaís falou. A Ufba é um martírio! Não acho que seja o melhor para avaliar os alunos.
O "Conversa de Quinta" fica por aqui. Confiram o quadro novamente na semana que vem! =)
Por Thais Borges, Flávia Faria e Thuanne Silva
1 aspas:
O vestibular da UFBA realmente é um martírio! hahaha :D
Parabéns aos entrevistados e as novas editoras do blog. Ficou ótimo, meninas! ;*
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