“Nossa, estou me sentindo em uma coletiva de imprensa!”, brinca Sivaldo Pereira, 36 anos, ao se ver rodeado por alunas com gravadores em punho.
Sivaldo Pereira |
O jornalista apaixonado pela profissão, fala com bom humor de sua carreira e vida pessoal e revela outras aptidões: adorador da boa música, ele compõe e toca instrumentos como violão, violino, gaita e acordeão.
O terceiro de seis filhos de retirantes nordestinos, nasceu no sertão de Alagoas,
Fugindo da seca, quando Sivaldo tinha apenas 6 meses de idade, a família mudou-se para Brasília e Minas Gerais, onde ele cresceu. Somente aos 13 conheceu o Nordeste, quando retornou a Alagoas, onde se formou, posteriormente, pela Universidade Federal de lá.
Interessado em escrever e ter uma “ação sobre o mundo”, viu o Jornalismo como uma forma de ajudar a construir a realidade. Escolheu a FACOM pela oportunidade de trabalhar com teses políticas ao lado de nomes como André Lemos, Wilson Gomes e Marcos Palácios. “Gosto daqui. É um ambiente onde as pessoas são comprometidas com a ciência e com o ensino”.
Sempre agitado (prova disso são as palavras que quase se atropelam ao sair de sua boca), já fez de quase tudo na profissão: trabalhou em redações de jornalismo impresso, assessoria de imprensa, jornalismo online e atua até hoje como freelancer para revistas. Seguindo a orientação dos pais, sempre muito preocupados com a educação, Sivaldo esforçou-se por ser “alguém na vida”. Fez doutorado na Universidade de Washington, em Seattle, nos Estados Unidos, e afirma ter gostado da experiência na cidade cinza, valorizando a oportunidade de sair de seu círculo cultural e acadêmico.
Atualmente, dedica mais sua energia à Academia, tendo interesse nas áreas de convergências midiáticas e tecnologia, mas não consegue, nem quer dissociar-se do mercado. Acredita serem atividades integradas. No entanto, reconhece as dificuldades da profissão e não hesita em afirmar que a maior dificuldade do Jornalismo atual é a de reinventar-se. Ressalta ainda prejuízos pessoais, como na saúde e nos relacionamentos: “É muito difícil lidar com jornalista”.
Quanto à questão financeira, defende a possibilidade de uma vida razoável, proporcionada pela carreira. Mais que isso, segundo ele, só vendendo a alma às grandes empresas de comunicação. “Se a ideia é acumular seu primeiro milhão, essa área não é a saída”, diz em meio a risos.
Mas, apesar do pesares, Sivaldo se diz realizado no que define não como uma profissão, mas como um modo de vida, “uma forma de encarar o mundo”. E essa realização estende-se também ao lado pessoal. Não tem problemas, por exemplo, ao falar da idade. “Acho que temos que viver o tempo, cada idade é boa de viver. Eu não tenho nenhuma saudade dos 18 anos”, e rindo, exibe alguns fios brancos. Ainda em tom descontraído, fala de seu estado civil. Entre seus irmãos, ele é o único solteiro e sem filhos. “Sou mais esperto”, brinca.
Multifuncional, o jornalista, professor, compositor e músico nas horas vagas, muda-se em breve para um apartamento à beira-mar (única exigência feita para consigo mesmo) em Maceió, onde desenvolverá novos projetos, como a fundação de um mestrado e doutorado na UFAL.
No entanto, graças aos bons amigos e para não sofrer da abstinência de acarajé, que adora, promete manter o vínculo com a Bahia e com a FACOM, especialmente. “Sou um pouquinho baiano, de algum modo”.
Por Joana Oliveira
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